sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O Kommando Spezialkräfte - KSK



Origem:

Entre 1994 e 1995 a Alemanha criou o Kommando Spezialkräfte, ou KSK, unidade de operações especiais do Exército alemão. Aproximadamente 20 soldados foram treinados no Outono de 1996, e a unidade estava completamente operacional em Abril de 1997. De acordo com relatórios, o impacto de ver 11 cidadãos alemães serem salvos por forças estrangeiras (pára-quedistas belgas e franceses) em Ruanda em 1994, porque não havia nenhuma unidade alemã capaz de realizar tal operação foi o principal factor para se criar o KSK. Para completar o seu efectivo foram retiradas uma Companhia de Comados de cada uma das três Brigadas Aerotransportadas, juntamente com o reforço das 2 Companhias de Reconhecimento de Longo Alcance (a 3ª foi desmobilizada). A unidade planeia ser completamente operacional quanto atingir a dotação de 1.000 operadores completamente treinados.


Selecção e Treino:

Os candidatos: Devem ser oficiais com menos de 30 anos de idade. Os graduados menos de 32 anos de idade.
Os candidatos podem vir de qualquer parte do Exército.
Os candidatos devem ser aerotransportados qualificados.
Candidatos têm que se oferecer para servir durante pelo menos 6 anos com o KSK.
O KSK enfatiza um alto critério de selecção, baseado num duro e longo treino. Os padrões do KSK exigem soldados maduros e de um nível intelectual e profissional considerável. O processo de selecção e treino básico leva 3 meses. Todos os operadores devem ser treinados em saltos HALO/HAHO e mergulho de combate.
No processo de selecção os candidatos passaram:
1 dia de testes psicológicos.
1 semana de selecção.
2 dias de testes de aptidão física.
3 dias adicionais de testes psicológicos.

Se passar pela selecção o recruta irá participar de:
* Treino básico de acções de comandos - Parte I.
- 1 semana de Fuga e Evasão, que o testará debaixo de condições extremas, inclusive uma 100 km em 4 dias com carga pesada e incidentes inesperados, como cruzamentos de rios, orientação com mapas e condução de emboscadas.
- Encenação psicológica (1 hora )
* Treino básico de acções de comandos - Parte II.
3 semanas no Curso de Sobrevivência de Combate na Escola Internacional de Patrulha de Longo Alcance em Pfullendorf.
Todo o treino especializado será completado antes do novo recruta ser designado para uma equipa operacional. Pelo menos alguns membros também recebem treino em altas velocidades e técnicas direcção de veículos.

O KSK está apto a operar nos mais variados ambientes:

Montanha

Deserto

Florestas

Neve

Ambientes Aquáticos

Ambientes fechados e Áreas Urbanas


Tarefas e Missões:


Entre as suas tarefas têm:
1) Defesa do território alemão e de seus interesses no estrangeiro.
2) Combate ao terrorismo internacional.
3) Apoio a missões de paz.
4) Participar de Forças de Reacção Rápida.
5) Reconhecimento estratégico.
O KSK é responsável por operações atrás das linhas inimigas, reconhecimento de longo alcance, ataques estratégicos, operações anti-terroristas, resgate de reféns ou evacuação de cidadãos alemães em áreas de risco no estrangeiro em cooperação com nações aliados e especialmente com a NATO. A unidade também está preparada para realizar operações C-SAR. O KSK é moldado de acordo com o SAS.
Apesar da sua capacidade de resgate de reféns o KSK é uma unidade militar, com missões militares, e não outra GSG-9. O KSK poderá ser ser deslocado para onde o GSG-9 não pode (pelo menos oficialmente), entretanto isso já aconteceu (o resgate de um avião da Lufthansa no Aeroporto de Mogadisciu, Somália em Outubro de 1977, por exemplo). Mesmo assim o KSK mantém uma equipa de Resgate de reféns pronta para auxiliar a polícia alemã sempre que necessário.
O KSK será também usado para proteger ou projectar os interesses internacionais da Alemanha. As suas missões são bem semelhantes às desempenhadas por unidades estrangeiras como o SAS, Força Delta ou as US Special Forces.

Organização do KSK:

O KSK tem uma força de cerca de 1.100 soldados. Destes, a maioria está envolvida com apoio, pessoal, telecomunicações, logística, apoio e comando. O número exacto de soldados do comando operacional (oficiais e sargentos) é secreto. Segundo a imprensa, deve ser algo em torno de 400 a 500 soldados, mas por falta de candidatos qualificados esse número nunca foi alcançado.
QG & Companhia de Sinais (Comunicações)
4 Companhias de Comandos.
1 Companhia Especial de Comandos.
1 Companhia de Reconhecimento de Longo Alcance.
1 Companhia de Apoio.
1 Pelotão de Treino.
A Companhia de Comandos tem a seguinte estrutura:
* 1 Pelotão de Comando (QG).
* 5 Pelotões de Comandos - Consistindo em 4 equipas de 4 homens cada. Dos 4 homens, um deve ser especialista em comunicações, um em explosivos, um especialista médico e o último homem não está claro mas ele deve ser especialista em operações de inteligência além de ser o líder da equipa.
Cada pelotão se especializa numa área diferente: 1º - Infiltração por terra; 2º - Infiltração por ar (com capacidade de HALO); 3º - Operações anfíbias, 4º - Operações em montanha e no árctico e o 5º Observação e atiradores de elite.
Um dos quatro pelotões também é treinado especialmente para operações de resgate de reféns.
A dotação de uma Companhia de Comandos é de cerca de 100 homens. Sendo 64 operacionais e todos do sexo masculino.

A Companhia Especial de Comandos
Em Outubro de 2004, a Companhia Especial de Comandos foi criada com especialistas altamente treinados no domínio de técnicas SIGINT, designadores de alvos a laser, gestão e observação de fogo de artilharia e controlador aéreo avançado, entre outras especialidades. Nesta companhia os militares são mais veteranos e experientes. É normalmente a primeira e a última na zona de operação.
A Companhia de Reconhecimento de Longo Alcance tem a seguinte estrutura:
* QG
* Pelotão de Comando com 8 Equipes.
* Pelotão de Reconhecimento com 12 equipes (Todas as equipe são formadas por 4 homens. )
Apoio
* QG & Companhia de Sinais:
* 1 Pelotão de QG Plt.
* 3 Pelotões de sinaleiros.
* 1 Pelotão de Reconhecimento de Sinaleiros.
Companhia de Apoio;
1 Pelotão de Logística.
1 Pelotão de equipamentos de salto de Pára-quedas.
1 Pelotão Médico.
1 Pelotão de Manutenção e Reparo.

Armas, Equipamentos e Sistemas:

Os homens do KSK usam uniformes de Infantaria básicos do Exército alemão, além de coletes, e às vezes capacete de kevlar.
H&K P8
H&K USP Tactical
H&K Mark 23
H&K 416
H&K G36 com lançador de granadas AG36, em diferentes versões incluindo a G36C
H&K G3
H&K MP5 em várias versões incluindo a H&K MP5K
H&K MP7
H&K UMP
G22 sniper
G24 sniper
H&K PSG-1 sniper
Panzerfaust 3
H&K MG4
H&K 21
Rheinmetall MG3
H&K GMG lançador de granadas
Mercedes-Benz G-Class
AGF (veículo de infantaria ligeiro)
Veículos para a neve
Canoas Klepper
Páraquedas e equipamento HALO/HAHO
Sistema de comunicação individual SEM52/SL.
Sistemas de NGV.

Operações:

As missões do KSK ainda estão cobertas debaixo de muito sigilo, mas acredita-se que já tenha sido usado em:
Bósnia - O KSK foi usando juntamente com outras unidades especiais (SAS, SEALs, etc) na caça de criminosos de guerras sérvios.
Kosovo - Desde a sua criação em 1996 o KLA - Exército do Libertação do Kosovo, vinha recebendo apoio do Bundesnachrichtendienst (BND), o serviço de inteligência alemão, juntamente com a CIA. As operações visavam enfraquecer Slobodan Milosevic, e forçá-lo a dar autonomia à província de maioria albanesa.
Quando o conflito entre a Jugoslávia e a NATO já era eminente, comandos dos KSK já treinavam guerrilheiros do KLA no norte da Albânia. Com o conflito aberto em 1999, o KSK foi usado em muitas operações secretas tanto no Kosovo como na própria Jugoslávia.
Afeganistão - Provavelmente o KSK participou em 2001 da operação militar que libertou oito missionários de uma entidade humanitária alemã ameaçados de morte e detidos pelos Taliban sob acusação de "propagar o cristianismo" no Afeganistão.
Esta operação foi realizada com sucesso antes do início dos ataques americanos naquele país. Com a invasão do Afeganistão o KSK foi deslocado secretamente para o Afeganistão para participar das operações de caça à Al-Qaeda e do que sobrou dos Taliban.

A Task Force K-Bar (Combined Joint Special Operations Task Force – South) foi a primeira unidade especial multinacional, que partindo de Omã, estabeleceu bases avançadas no sudeste do Afeganistão sob o comando do Capitão Robert Harvard (US Navy SEALs) entre Outubro de 2001 até Abril de 2002 realizando operações contra os talibãs e activistas da Al-Qaeda.
A K-Bar era formada em torno dos Navy SEAL Teams 2, 3 e 8 e do 1º Batalhão do 3º Special Forces Group do US Army. Também formavam esta Task Force unidades especiais de várias nações incluindo o Canadá (Joint Task Force 2 - JTF-2), Nova Zelândia (1st Special Air Service Group NZSAS) e Alemanha com o Kommando Spezialkrafte (KSK).
O total de 42 operações de vigilância e reconhecimento e um número desconhecido de operações de combate, levaram à captura 107 homens e a morte a outros 115. A primeira missão do KSK foi levantar as redes de conexões humanas dos taliban e realizar detenções com vista a descobrir os seus esconderijos de armas. Essas missões eram relativamente fáceis e foram um reflexo da desconfiança inicial dos norte-americanos, britânicos e franceses em relação aos relativamente inexperientes alemães devido às difíceis missões de operações especiais que estes três primeiros países já haviam executado.
Batalha de Tora Bora
O KSK também operou no contexto imediato da batalha de Tora Bora e recebeu a missão de vigiar e proteger os esforços militares dos americanos e britânicos sobre os flancos do maciço montanhoso. O KSK também participou em três operações, contra o sistema de cavernas dos combatentes dos taliban e da Al-Qaeda com sucesso. Várias fontes dos média dos EUA elogiaram a boa cooperação com o KSK e do profissionalismo dos seus soldados.
Operação Anaconda
O KSK também foi envolvido na controversa Operação Anaconda, em Março de 2002. Nesta operação um posto de observação do KSK foi acidentalmente exposto por pastores de cabras. Por causa disto os alemães abandonaram seu posto, que foi retomado por americanos que dispararam contra os civis, gerando críticas dos alemães.
Com o deslocamento de tropas americanas e britânicas para participarem da Operação Enduring Freedom no Iraque, incluindo também unidades das forças especiais, a responsabilidade do KSK no Afeganistão aumentou. Com a transferência de aviões para o Iraque o apoio as operações em terra foi prejudicado. Os homens do KSK foram enviados para missões na fronteira com o Paquistão. Nesta fase das operações o KSK tinha cerca de 100 homens no Afeganistão. Depois das missões de reconhecimento na fronteira, o KSK foi enviado para prover segurança em Cabul.
Em Dezembro de 2004 o presidente dos EUA George W. Bush concedeu a Navy Presidential Unit Citation ás várias unidades especiais, incluindo o KSK, que serviram no Afeganistão no período de Outubro de 2001 a Março de 2002, como parte da Combined Joint Special Operations Task Force-SOUTH/Task Force K-Bar. A citação exaltava a "extraordinária coragem, engenho e espírito agressivo nos combates no campo de batalha contra um bem equipado, bem treinado e traiçoeiro inimigo terrorista".

A partir de 2005 o KSK opera sob o comando da Força Internacional de Assistência à Segurança - ISAF, em apoio à forte presença alemã em Cabul. Em Outubro de 2006 operadores do KSK participaram no bem sucedido assalto a uma casa que abrigava homens-bomba da Al-Qaeda.
Em Maio de 2005 o KSK enviou tropas para o Afeganistão. A sua missão era ajudar a criar em vários locais um "ambiente seguro" para estabilizar o país. O KSK foi muito eficiente tanto no âmbito do mandato da ISAF no Norte, bem como durante a Operação Enduring Freedom (OEF) no Sul.
A Alemanha decidiu em Outubro e 2008 retirar o KSK do Afeganistão. Após sete anos de operação neste país, os comandos alemães não conseguiram operar livremente, pois operavam sob rígidas regras, como por exemplo não era permitido abrir fogo a menos que o inimigo atirasse primeiro.
Esta postura levou pelo menos um alto líder talibã a fugir do KSK. Na perseguição o líder inimigo não atirou e por isso o KSK não pode abate-lo. Os alemães para capturar o líder talibã conhecido como o bombardeador de Bagran agiu em cooperação com o NDS (organização do serviço secreto afegão) e o Exército afegão. Eles gastaram semanas estudando o comportamento e hábitos do seu alvo: quando ele deixava a sua casa e com quem, como quantos homens e que armas transportavam, a cor do seu turbante e veículos que ele usava. No final de Março de 2008, perto da cidade de Kunduz, eles decidiram agir no sentido de prender o comandante. Sob a protecção da escuridão, o KSK, juntamente com as forças afegãs avançaram para capturar seu alvo. Vestidos de preto e equipados com óculos de visão nocturna, a equipa chegou a apenas algumas centenas de metros do seu destino antes de serem descobertos por forças talibãs. E o líder talibã fugiu. O KSK podia eliminá-lo mas não tinha autorização para isso. Nesta operação 13 pessoas foram presas, duas das quais são suspeitas de envolvimento nos ataques contra as tropas da ISAF.
Infelizmente as rígidas regras impostas pelo governo alemão ao KSK estão indo na direcção oposta das forças aliadas e à sua estratégia de eliminação dos líderes talibãs. A estratégia da ISAF é comprar tantos líderes talibãs quanto for possível, pelo menos eles ganham mais por um tempo - e "eliminar" a linha dura através assassinatos selectivos. Do ponto de vista militar essas acções tem sido um sucesso. Perto de um terço dos líderes talibãs, cerca de 150 comandantes, já foram "neutralizados", o que significa que foram mortos ou capturados. A maior parte dessas missões chamadas captura-ou-morte, como são chamadas no calão militar, são realizadas por forças especiais americanas ou britânicas.
No Afeganistão desde 2001 os cerca de 120 comandos do KSK não tinham uma área de operação própria, mas agiam em cooperação com as forças Aliadas conforme a necessidade. Mesmo com as restrições, o KSK viu muita acção, mas pouco foi divulgado, para não gerar mais críticas para casa, principalmente dos políticos da esquerda e da imprensa.

Outras Operações
Em Julho de 2008 os membros do KSK descobriram em cooperação com as forças de segurança afegãs, um grande depósito de armas na província de Jowzjan, a 120 quilómetros a Oeste de Mazar-e Sharif.
Em 29 de Setembro de 2008 um grupo de turistas que tinham sido raptados foram libertados por tropas egípcias e sudanesas. Segundo o Ministério do Interior e da Defesa alemão foram accionados indirectamente forças especiais alemãs (KSK e GSG 9) na libertação dos reféns, agindo como pessoal de apoio no local.

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